Um conto de sedução

parte 2 - final

...Ele procura uma forma de chamar-lhe a atenção, já havia feito um comentário do belo dia e ela nem ligou... Caminhando em direção à saída, ele pensa:

“Será que vou deixar escapar uma oportunidade tão singular como essa? Vamos, seu burro, pensa logo no que dizer a ela...”

Ela continua andando, naquele tremendo clima de silêncio, quando ele diz:

- Gostaria de pedir uma informação a você, posso?

- Sim, claro, fique a vontade – diz a moça.

- Como faço pra encontrar um olhar tão penetrante e ao mesmo tempo tão encantador quanto o seu novamente? Pelo que vejo, você já está partindo (e eles continuam andando).

Então ele pensa:

“Meu Deus, como é que consegui dizer isso? Acho que tô ficando louco, que bobagem...”

E ela mais uma vez não se contém, abrindo, dessa vez, um sorriso descomunal, daqueles de deixar modelo de queixo caído...

Ele está feliz, pois em apenas duas frases conseguiu “quebrar” um pouco o coração dela.

Então ela diz:

- Você é sempre galanteador assim? Deve fazer isso com todas as meninas que vê pela rua.

- Meu Dedeus (engasgou), como assim?! Sou tímido demais até, nunca faço isso com mulher nenhuma, é que quando te vi imaginei estar diante de uma mulher diferente, e por isso, estou falando com você agora. Mas não quero incomodar, me desculpe!

Ele vira-se e todo desconcertado vai embora, achando que havia feito a pior bobagem de sua vida.

Quando ela diz:

- Ei, “péra” aí, não vai embora. Qual é mesmo seu nome?

Ele continua andando.

- Você não quer se sentar mais um pouco? Vamos conversar? Diz ela totalmente envolvida com os despretensiosos “galanteios dele”.
- Eu, me sentar pra conversar com você? Tem certeza?

E ela diz:

- Ué, não foi você quem veio atrás de mim?
- Sim, foi sim, me desculpe. Vamos nos sentar – Diz ele, pensando consigo mesmo: “É melhor aproveitar, seu burro.”

Ao sentarem-se, ele está maravilhado com tamanha formosura.

- Você conseguiu me deixar sem graça, diz ela.
- Sem graça? Mas não falei nada demais.

Ela pensa:

“Esse cara deve estar de brincadeira comigo, não é possível!!!”

Então uma conversa tímida começa a nascer e assim os dois vão se conhecendo...
Mesmo com toda a timidez que o jovem apresentava, ela gosta de cada gesto, cada palavra que dele saía; engraçado como uma atitude impulsiva, que tinha tudo para dar errado, acerta o alvo como um tiro adestrado de elite.

Anoitece e eles necessitam ir embora, estão envolvidos, encantados, enamorados.
A única recordação fatual deste momento fica expressa num pedaço de papel, que cada um cortou de uma mesma folha, e nele um número de telefone.

Os dois voltam para casa, e no caminho, ainda no ônibus, ela suspira por encontrar um estilo de homem que talvez ela não imaginasse existir mais.
Ele, encantado com seu “desempenho”, lembra que o que mais marcou de todo esse encontro foi a metade de um papel que ele trás consigo, papel que ainda trás um perfume - o perfume da sedução...

No outro dia logo cedo, ele vai de encontro ao papel em sua blusa, e nem a blusa ele encontra quando se depara com sua mãe, cantarolando e lavando aquele que poderia ser o contato de seu grande amor, que ficou irreconhecível após lavagem.

E ela? Você pode estar se perguntando.

Parece brincadeira, mas a mesma coisa aconteceu, sua metade do papel agora já não é mais reconhecível, só ficou com ela a lembrança de algo que poderia vir a acontecer...


...Um conto de sedução.